The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London: opening The Mews Gallery - London: opening The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London The Mews Gallery - London - the following day The Mews Gallery - London - the following day

Foxpower 800

Limiar
passagem
soleira
princípio
ombreira
entrada
saída

Espaços liminais, entre o interior e o exterior; o já não e o ainda não; ritual de passagem entre a adolescência e a idade adulta, entre a potência e a realização, vida animal e vida política. As ombreiras das portas são um dos lugares seguros em caso de terramoto, segundos que para a vida em suspenso parecerão uma eternidade.
Eu vivo no limiar da periferia. Onde a cidade perde consistência e o subúrbio desponta, nem residencial, nem industrial, nem natural, apenas entroncamentos.
Eu vivo.
A questão de ser e viver conflacionadas, a questão de ser bios e zoē. Bios é a nossa vida política, aquela que diz respeito à polis, enquanto que zoē é a nossa vida enquanto organismos vivos.
- As ostras estão vivas quando as comemos?
- As ervas daninhas contam como vida?
Essa mera vida natural começa a dizer respeito à polis exactamente na vida moderna, ou democrática por assim dizer, quando a política se transforma em biopolítica, e o estado já não está interessado na vida individual de cada cidadão em particular mas na vida colectiva da espécie, este é o “limiar da modernidade biopolítica”. O Soberano já não é entendido como aquele que tem o poder de kill ou let live; mas soberania é agora a decisão de make live ou let die; de decidir o estado de emergência no qual a lei é suspensa; suspensão tal que lhe dá a sua raison d’être.
A excepção é também liminal, já não… ainda não, já não é zoē … ainda não é bios.
Esta vida nua é a vida do ser liminal, sujeito ou súbdito do poder político moderno, do soberano que decide esse mesmo estado de excepção. A soberania é ela mesma uma ombreira que está fora e dentro da lei, que aplica e não se faz aplicar. Lei que está fora de si mesma, que se aplica por não se aplicar. A excepção faz a regra, a excepção justifica a regra. A questão é quando a excepção passa a ser a regra.
William Lyttle cavou quilómetros de túneis em torno da sua casa em Hackney durante 40 anos sem propósito à vista.
O limiar é o espaço da soberania e da vida nua. Aqui e agora toda a vida é um só túnel, que como o da toupeira de Hackney tem-se a si mesmo como propósito.
Os túneis são também liminais, já não e ainda não, longas ombreiras subterrâneas, potência nem sempre actualizada… isto é Rotherhite, já não … ainda não, isto é Wapping; isto é Kent, já não… ainda não, isto é Calais; isto é o México, já não… ainda não, isto é Estados Unidos da América. A tecnologia para teletransportar corpos de um local para o outro já não é o horizonte insuperável da ciência, é actual, porém, uma questão permanece, quando o corpo se divide à partida na sua mais pequena unidade, como reorganizar o todo à chegada?
Somos aquele mesmo que partiu?

Perante a indistinção entre bios e zoē que é a vida nua, o zombie moderno, dedicado já ao mundo dos mortos e portanto sagrado; cuja vida pode ser tomada sem qualquer penalidade, vida cuja distinção entre lei foi apagada para sempre, como reorganizaremos as nossas monadas simultaneamente em singularidade e comunidade?

No quarto episódio da série Americana The Wire, um polícia tenta desencravar uma secretária da ombreira da porta… um segundo polícia junta-se-lhe para ajudar, e mais dois de seguida e finalmente o tenente. Entre grunhidos e praguejamento cinco homens tentam mover a secretária. Exaustos param para avaliar a situação quando primeiro exclama:

- Assim nunca mais a vamos conseguir trazê-la para dentro!
Perante a cara de estupefacção dos colegas ele volta a exclamar:
- O que foi?
Dentro? Exclamam um após o outro. Cristo!
“Este corpo biopolitico que é a vida nua deverá transformar-se no local da constituição e instauração de uma forma de vida que é totalmente esgotada na vida nua e numa bios que é a sua própria zoē.” (Agamben)

Umbral

Pasaje
Solera
Principio
Jamba
Entrada
Salida

Espacios liminales, entre el interior y el exterior; el ya no y el aun no; ritual de pasaje entre la adolescencia y la edad adulta, entre la potencia y la actualización, vida animal y vida política. Los marcos de las puertas son uno de los lugares más seguros en caso de un terremoto, segundos que para una vida en suspenso parecerán una eternidad.

Yo vivo en el umbral, donde la ciudad pierde consistencia y el suburbio se levanta. Ni residencial, ni industrial, ni natural, sólo entroncamientos.

Yo vivo.

La cuestión de ser y vivir combina la cuestión del ser bios y zoē. Bios es nuestra vida política, en lo que se refiere a polis, mientras que zoē es nuestra vida en tanto organismos vivos.

¿Están vivas las otras cuando las comemos?
¿Cuentan las malas hierbas como vida?

Esta mera vida natural comienza, en lo que respecta a la polis, exactamente en la vida moderna, o democrática por decirlo así, cuando la política se transforma en biopolítica, y el estado ya no esta interesado en la vida individual de cada ciudadano en particular sino en la vida colectiva de la especie, este es el “umbral de la modernidad biopolítica”. El soberano ya no es entendido como aquel que tiene el poder de kill o let live, sino que la soberanía es ahora una decisión de make live and let die; de decidir el estado de emergencia en el cual la ley es suspendida; suspensión que da a la ley su raison d’être.

La excepción tambien es liminal, ya no… aun no, ya no es zoē… aun no es bios.

Esta nuda vida es la vida del ser liminal, sujeto o subdito del poder politico moderno, del soberano que decide ese mismo estado de excepción. La soberanía es en si misma un umbral que esta fuera y dentro de la ley, que aplica y no se hace aplicar. La excepción hace a la regla, la excepción justifica la regla.
La cuestión es cuándo la excepción pasa a ser la regla.

William Lyttle cavó kilómetros de tuneles alrededor de su casa en Hackney durante 40 años, sin proposito aparente.

El umbral es el espacio de la soberanía y de la nuda vida. Aquí y ahora toda vida es un solo túnel que como aquellos del topo de Hackney se tienen a si mismos como propósito.

Los túneles son también liminales, ya no y aun no, largos umbrales subterraneos, potencia no siempre actualizada… esto es Rotherhithe, ya no… aun no, esto es Wapping; esto es Kent, ya no… aun no, esto es Pas-de Calais; esto es México, ya no… aun no, esto es los Estados Unidos de América. La tecnología para teletransportar cuerpos de un lugar a otro ya no es el horizonte insuperáble de la ciencia, es actual, pero una cuestión permanece, cuando el cuerpo se divide en sus unidades más pequeñas, cómo reorganizar todo a la llegada?

Somos aquel mismo que partió?

Dada la falta de distinción entre bios y zoē que es la nuda vida, el zombie moderno, dedicado ya al mundo de ls muertos y por lo tanto sagrado; cuya vida puede ser tomada sin ninguna penalidad, vida cuya distionción entre la ley fue apagada para siempre, cómo reorganizaremos nuestras mónadas simultáneamente en singularidad y comunidad?

En el cuarto capítulo de la serie americana The Wire, un policía tenía que destrabar un escritorio del umbral de una puerta… un segundo policía se une para ayudar, y luego dos más, y finalmente el teniente. Entre gruñidos e insultos cinco hombres tratan de mover el escritorio. Exhaustos paran para evaluar la situación cuando el primero exclama:

- Así nunca vamos a conseguir meterlo!

Ante la cara de estupefacción de sus colegas, exclama de nuevo:
- ¿Qué?

¿Adentro? Exclaman uno tras otro. ¡Cristo!

“Este cuerpo biopolítico que es la nuda vida deberá transformarse en el lugar de la constitución ye instauración de una forma de vida que esta totalmente agotada en la vida nuda y una bios que es su propia zoē.” (Agamben)

the mews
Ângelo Ferreira de Sousa