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Triumph des Wunsches

“Antimonumentos, porquê?_ Porque a reflexão sobre o passado ou sobre o presente nem sempre se produz nas grandes narrativas, nem nos objectos simbolicamente saturados.
Porque à inquietação sobre o real os artistas respondem melhor com dúvidas do que com certezas. Porque os olhares desviantes nos centram nas franjas do previsível. Porque em oposição a uma estratégia curatorial rígida e assertiva se privilegiou a incerteza de respostas inéditas. Porque a energia que um evento desta natureza – um híbrido paradoxal, já que promovido por uma galeria comercial, mas que ultrapassou qualquer quesito economicista -, pode constituir-se como discurso complementar à estratificação dicotómica da arte actual, empurrada para extremos ditos alternativos ou demasiado institucionais.

Porque a decisão sobre o que é ou não arte, sobre o que deve ou não ser exposto e sobre o que vincula uma obra ao seu contexto é, em primeira instância, uma decisão individual dos artistas; assim, numa exposição que dá liberdade criativa aos seus protagonistas, esta questão poderá ganhar uma relevância suplementar.

Porque a arte tem uma tendência para se levar demasiado a sério, e é nos momentos de dúvida, experimentação e derisão que frequentemente melhor se expressa.

Porque a cumplicidade é aqui assumida, reiterada e exposta.

E, finalmente, porque tal como alguém que teimosamente se dedica à divulgação da arte contemporânea numa cidade do interior deste país, é na persistência de pequenos gestos que se consegue tornar a realidade mais habitável, na construção de comunidades que consigam olhar criticamente o que produzem e, quando possível, alargando o seu espectro de acção para comunidades que lhe serão, à partida, alheias.” MHP

ver o site do Ângelo Ferreira de Sousa