MISTÉRIOS DO FOGO AS “MATERNIDADES” NA COLEÇÃO DE JOSÉ DE GUIMARÃES com José de Guimarães, Maria Amélia Coutinho, Yasmin Thayná, Carla Cruz e MPGDP integrado no programa artístico “Nas Margens da Ficção” com curadoria geral de Marta Mestre, apresentado no CIAJG (Centro Internacional das Artes José de Guimarães) de 16 de Abril a 5 de Setembro de 2021.
Conjugar no Plural é um projeto de pesquisa de longa-duração sobre ações, vozes e poderes no feminino. O convite para expô-lo no CIAJG materializa-se através de três tipos de suportes: uma intervenção mural, um poster e um áudio. Este conjunto acentua as ideias de diversidade, horizontalidade e pluralidade, como contrapontos a sistemas hierárquicos, especialmente no meio cultural.
A intervenção mural dá continuidade a All My Independent Women (AMIW), projeto que iniciei na cidade de Guimarães, em 2005 (Sociedade Martins Sarmento). AMIW é uma rede de artistas que utilizam metodologias feministas para produzir gestos artísticos. Sob a forma de uma lista, em aberto, o projeto tem vindo a crescer e foi mostrado em outras cidades (Coimbra, em 2010; Viena, em 2011; Londres, em 2012). Também incorporou temas como as Novas Cartas Portuguesas (1972), obra literária das escritoras portuguesas Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, e o “arquivo” enquanto espaço de produção, preservação e performatividade.
No CIAJG, a intervenção mural tece os fios que ligam os “poderes da persuasão” (“soft power”) encabeçados por mulheres, e alude ao episódio do apoio das senhoras vimaranenses à desanexação de Guimarães do distrito de Braga e subsequente união ao Porto, no final do séc. XIX. Um quadro comemorativo sobre esta ação histórica, pertencente ao Fundo Vimaranense da Sociedade Martins Sarmento, é incorporado a este mural.
O poster é um trabalho colaborativo com as designers “Joana & Mariana”. Nele, abordam-se texturas e iconografias relacionadas às lutas feministas, em Portugal. Nele celebra-se a força coletiva que existe por detrás de todos os direitos fundamentais. É também um lembrete sobre a necessidade da defesa continuada destes direitos. Impresso em offset, tem distribuição gratuita.
O áudio funciona como um coro de vozes, uma polifonia. Nele relato episódios históricos, fatos e suposições, ações concretas e utopias ao redor de grupos de mulheres portuguesas. O fio condutor entre os diferentes episódios é a busca de uma comunidade, como a que fala Adrienne Rich em Conditions for Work: The Common World of Women (1976). Que encoraja o nosso trabalho a chegar mais longe do que havíamos ousado. Segundo Rich, as mulheres “procuraram-se” em comunidade, fortaleceram-se mutuamente. Hoje, como então, precisamos de conjugar no plural, fortalecer e estender as nossas redes.
Este áudio faz parte da instalação Conjugar no Plural (2021) da artista Carla Cruz, que integra a exposição “Mistérios do Fogo: as maternidades na coleção de José de Guimarães”.
Ficha Técnica do podcast
Texto Carla Cruz • Edição de texto Gisela Leal • Leitura Carla Cruz e Rita Eustáquio • Gravação áudio Carla Cruz, Luís Eustáquio e Rita Eustáquio • Edição áudio Carla Cruz e Andi Studer
Faixas musicais (excertos)
Sisters, The Stepney Sisters, 1975 • Deceptacon, Le Tigre, 1999 • À Pátria, Viana da Mota, 1894 • Debout les femmes, 39 Femmes, 2018 • (1971) • Com quem eu quero, Miúda, 2012 • Independent Women Part I, Destiny’s Child, 2000 • U.N.I.T.Y., Queen Latifah, 1993 • Assim Não, Gato Fedorento, 2007 • Mequetrefe, Arca 2020 • Bad Reputation, Joan Jett & The Blackhearts, 1980